VACINAS CONTRA A COVID-19

VACINAS CONTRA A COVID-19: O QUE VOCÊ PRECISA SABER NESSE MOMENTO.

Desde o início da pandemia de COVID-19 provocada pelo virus SARS-CoV-2, também conhecido como novo coronavírus (lembrando que esse não é o único coronavírus existente), há a expectativa por uma vacina que possa gerar imunidade em larga escala e, assim, controlar a disseminação da doença.

Nas últimas semanas houve uma quantidade muito grande de informações na imprensa sobre vacinas, muitas manifestações em redes sociais (grande parte delas carentes de fundamentação técnico-científica) e uma grande discussão política em torno do tema.

Vacinas são uma grande evolução da ciência médica e seu uso já salvou centenas de milhões de vidas. Grandes epidemias só puderam ser controladas a partir de seu uso e a expectativa e qualidade de vida humanas aumentou muito em todos os países que adotaram a vacinação em grande escala como política de saúde pública. Mas, a desinformação e o alarmismo, muitas vezes, ainda impedem que façamos uma avaliação equilibrada sobre elas

O PROASA separou as 7 questões mais importantes as quais você precisa conhecer para orientar sua família e saber como proceder de maneira adequadas e segura em um momento tão importante.

1. O QUE É UMA VACINA?

Em termos bem simples, é um agente externo, semelhante ao agente causador da doença e que, injetado no corpo humano, dispara uma resposta imunológica do organismo que “registra” aquela infecção e já fica preparado para combatê-la de forma mais eficiente a qualquer sinal de uma nova infecção. 

A tecnologia não é nova, tem quase 250 anos! 

Edward Jenner, médico inglês, em 1798 publicou um importante estudo sobre um método de criar imunidade à variola em seres humanos a partir da injeção de amostras de varíola bovina. O resultado demonstrado foi que as pessoas que recebiam essa dose desenvolviam uma forma muito branda da doença, mas depois não eram mais contaminadas.

Em 1804 a vacina já estava no Brasil, trazida pela Marinha Real Portuguesa.

Campanhas de vacinação de grandes populações acontecem no mundo desde a década de 1890 e o Brasil é um caso de sucesso internacional em suas campanhas de imunização contra poliomielite, cachumba, tétano, hepatites, meningites, sarampo, catapora e gripe, por exemplo. 

2. QUAIS VACINAS ESTÃO SENDO DESENVOLVIDAS CONTRA A COVID-19?

Atualmente são mais de 40 vacinas em desenvolvimento ao redor do mundo. 

Algumas estão em estágios mais avançados e tendem a estar disponíveis em curto prazo.

São de 4 tipos diferentes. Todas possuem o mesmo objetivo (disparar uma resposta imune prévia) mas usam caminhos diferentes para isso.

TIPOFUNCIONAMENTOEXEMPLO
Vacina de Vírus AtenuadoO próprio virus, com funcionamento atenuado (quase inativo ou mesmo morto) é injetado no corpo humano para gerar a resposta imune.  É o método mais conhecido e antigo, com grandes vacinações acontecendo há mais de 70 anos. São mais fáceis de manipular, armazenar e distribuir.As vacinas contra a Hepatite A, poliomielite e gripe que já conhecemos muito bem usam essa tecnologia.Das vacinas em estágio final de desenvolvimento  a Coronavac, do laboratório Sinovac e que tem previsão de produção pelo Instituto Butantan, no Brasil, usa essa tecnologia.
Vacina de Vetor ViralApenas a proteína causadora da doença é retirada do virus e “acoplada” a outro virus que não se replica ou não causa nenhuma infecção no organismo. A resposta imunológica ocorre a partir do contato com essa proteína.A manipulação é semelhante à anterior e, portanto, já há experiência em como administrar uma campanha em larga escala.As vacinas da Universidade de Oxford em convênio com a Astra/Zeneca e a vacina Sputinik V (russa) usam essa tecnologia mas, no caso da russa, a comunidade científica internacional indica falta de publicações de resultados de forma mais transparente.
Vacina de Subunidade ProteicaNessa tecnologia há o uso apenas da proteína causadora da doença (como na vacina de vetor viral) mas a substância na qual ela é acoplada para a injeção no organismo é de origem sintética (artificial)A vacina contra Hepatite B que usamos há muito tempo no Brasil é um exemplo de vacina de subunidade proteica.Os laboratórios Novavax e Takeda são os que têm produtos mais avançados no momento, mas são pouco divulgadas no Brasil até o momento.
Vacinas baseadas em RNA-mÉ uma tecnologia nova. Em laboratório, os cientistas manipulam os genes do vírus associados à causa da doença. Esse material é injetado no corpo humano e “orienta” as próprias células a produzirem a mesma proteína do virus e assim disparar a resposta imunológica do organismo sem necessidade de receber uma carga viral, atenuada ou de outro virus vetor, como nas tecnologias anteriores.É uma tecnologia nova e não há experiência em vacinação em larga escala. Sua manipulação é mais complexa e não há registros, ainda, sobre resultados dessa tecnologia a longo prazo.A vacina da Pfizer/Biontech é um dos exemplos dessa tecnologia.

3. QUANDO ELAS ESTARÃO DISPONÍVEIS?

Há dois aspectos a se considerar: quando estarão aprovadas para uso e quando estarão disponíveis para uso.

Sobre a aprovação, todas as opções estão em estágio avançado de testes e homologações. As principais agências de saúde do mundo têm reduzido drasticamente as etapas burocráticas, mas os resultados clínicos não podem ser antecipados. Para uso com alguma segurança a partir de resultados iniciais positivos, já há algumas opções e estima-se que até o final do primeiro semestre de 2021 as principais estejam aprovadas.

Sobre a disponibilização, por sua vez, há duas etapas: a produção das milhões de doses necessárias e a campanha de vacinação em si. Todos os planos de imunização em larga escala, no mundo, não importando a tecnologia, estão sendo administrados pelo poder público e a definição das datas, fases e públicos prioritários estão sendo publicados conforme confirmação da disponibilização das doses.

No Brasil, há a expectativa de campanhas de imunização iniciando no primeiro trimestre e indo até o final do primeiro semestre, quando todos os públicos deverão ser atendidos.

4. A VACINAÇÃO SERÁ OBRIGATÓRIA?

No Brasil há várias vacinas recomendadas, mas nenhuma tem sua aplicação por via coercitiva e por isso a importância das campanhas de conscientização e mobilização. Quanto mais imunidade na população, mais controlada estará a doença e por isso é importante que a vacinação seja adotada em larga escala. Uma pessoa não vacinada contribui de forma permanente para a sobrevivência do virus e circulação na população.

Há, no entanto, restrição de circulação de não-vacinados para evitar a propagação de algumas doenças. Isso não é uma novidade. Por exemplo, para circulação na região centro-oeste, por muitos anos foi exigida a apresentação do comprovante de vacinação contra a febre amarela (assim como é, até hoje, na maior parte dos países da América do Sul). Não há, ainda, definições a esse respeito sobre a vacinação contra COVID-19.

5. POR QUE TANTAS PESSOAS SÃO CONTRA A VACINA?

Ainda que haja liberdade para decisão pessoal, certamente a desinformação é a maior causa da resistência. Fatos como os resultados positivos para a saúde pública, a experiência de décadas no modelo de imunização, a erradicação de doenças graves sem registros de problemas decorrentes da vacinação, uso consolidado de algumas das tecnologias de fabricação por anos e anos são, muitas vezes, ignorados em favor de teorias sem embasamento científico ou confirmação médica.

A politização do assunto associada a alinhamentos ideológicos contribui para essa desinformação generalizada, também.

6. O QUE A IGREJA ADVENTISTA DIZ SOBRE VACINAÇÃO?

A Igreja Adventista possui uma declaração oficial sobre vacinas, intitulada Imunização. A recomendação oficial é favorável ao uso de vacinas. A resolução, na íntegra, diz que “a Igreja Adventista do Sétimo Dia coloca forte ênfase na saúde e bem-estar. A ênfase adventista quanto à saúde se baseia na revelação bíblica, nos escritos inspirados de Ellen White e em literatura científica submetida à revisão de pares. Como tal, encorajamos a imunização/vacinação responsável, e não há qualquer razão religiosa ou baseada na fé para não incentivar nossos adeptos a participarem responsavelmente em programas de proteção e prevenção de imunização. Valorizamos a saúde e segurança da população, o que inclui a manutenção de “imunidade do rebanho”. Nós não somos a consciência do membro da Igreja individual e reconhecemos as escolhas individuais. Estas são exercidas pelo indivíduo. A escolha em não ser vacinado não é e não deve ser vista como dogma, nem doutrina da Igreja Adventista do Sétimo”.

Ellen White não escreveu propriamente sobre vacinação. Mas o Pr. D. E. Robinson, esposo de sua neta e que conviveu por muitos anos com White, em uma resposta validada pelo White Estate que comprova sua veracidade, escreve, em 1956: 

“Essa questão (se Ellen White escreveu sobre vacinação) pode ser respondida brevemente ao passo que não temos nenhum registro. Você vai se interessar ao saber, entretanto, que naquela época, quando houve uma epidemia de varíola na vizinhança, ela mesma foi vacinada e instou a seus ajudantes, aqueles conectados a ela, a serem vacinados. Ao dar esse passo, a Irmã White reconheceu o fato de que foi provado que a vacina ou dá imunidade à varíola a alguém, ou alivia muito os efeitos de quem adoeceu. Ela reconheceu também o perigo de expor os outros, caso eles falhem em tomar essa precaução.”

7. O PROASA VAI REEMBOLSAR A VACINAÇÃO?

Por ora não há indicações de quando a vacina estará à disposição na rede privada. Até lá a vacinação será pública e gratuita, sem necessidades de pedido médico. Recomendamos atenção no calendário de vacinação, fases e grupos que serão atendidos nos próximos meses.

E, independentemente da vacina, lembre-se: essa guerra ainda não acabou. Não podemos baixar a guarda!

Uso de máscaras, higienização permanente de mãos e distanciamento são, ainda, as mais eficazes formas de prevenção.

Fontes: Natalia Pasternak, microbiologista, presidente do Instituto Questão de Ciência e Cristina Bonorino, professora titular da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e membro do Comitê Científico da Sociedade Brasileira de Imunologia, em entrevista para a BBC Brasil; Centro White (http://www.centrowhite.org.br/perguntas/perguntas-sobre-ellen-g-white/raio-x-e-vacinacao/ ); Revisão técnica Dr. Dorival Duarte, CRM 105977 SP, infectologista e diretor clínico do Hospital Adventista de São Paulo.*

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